O Quilombo de Cajazeiras Escreve Seu Nome: Cairo Costa

A palavra é arma, memória e futuro. E agora, a poesia de Cairo Costa, economista, escritor, poeta, músico, educador e um dos fundadores do Coletivo JACA, atravessa as páginas de um livro didático da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Essa conquista não é só dele. É do Quilombo de Cajazeiras, da juventude negra e periférica que segue resistindo e reinventando o mundo com arte e conhecimento. É a favela escrevendo seu próprio nome, ocupando espaços que nos foram negados, rompendo o silêncio imposto pela história oficial.

Cairo expressa sua gratidão com palavras que são também um chamado à luta:

“Agradeço à minha mãe, Dona Maria Rita Costa, que me ensinou, com amor e sabedoria, a importância da luta e da resistência. Agradeço a todos os escritores e escritoras negros(as) que abriram caminhos, que, com suas palavras, incendiaram o impossível e que hoje me inspiram a seguir com coragem na minha jornada literária. Agradeço aos meus amigos e amigas, aqueles que encontrei nas ruas de Salvador. Cada encontro foi uma lição de vida, cada conversa, um ensino profundo sobre o mundo que habitamos. Agradeço ao projeto Juventude Ativista de Cajazeiras por ser o lugar onde aprendi que a luta popular se faz com utopia, arte e ciência, e onde percebi que a transformação social passa pelo compromisso com a educação e a construção de novos saberes. Juntos, somos a força que move o mundo.

Foi com essas pessoas, com suas histórias e olhares, que aprendi que o mundo desigual em que vivo não é algo natural ou divino, mas sim uma construção histórica, um projeto de sociedade arquitetado por mãos que têm nome, cor e gênero. E, ao reconhecer isso, encontrei na escrita uma forma de dar voz a essa verdade, para que mais olhos vejam, mais mentes compreendam e, finalmente, mais corações se unam na luta por justiça e igualdade.

Ter minha poesia impressa neste livro aumentou ainda mais o meu desejo de ver o dia em que toda a juventude negra da periferia seja dona da sua própria história, empunhando caneta e papel, em vez das armas e drogas fabricadas pelo povo branco.”

Que essa conquista seja só o começo. O Quilombo de Cajazeiras segue escrevendo sua história, com tinta, coragem e coletividade. Nós do Coletivo JACA celebramos esse momento com muita alegria.

1 comentário em “O Quilombo de Cajazeiras Escreve Seu Nome: Cairo Costa”

  1. Maravilhosa essa notícia. A Galinha Pulando está nesta jornada inclusiva, com poetas como Cairo Costa na antologia “Poéticas Periféricas: novas vozes da poesia soteropolitana”. Parabéns, Cairo Costa, ao Quilombo de Cajazeiras e todas e todos que sempre estão nas trincheiras construindo um Brasil inclusivo. Isso é reparação histórica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *